terça-feira, 20 de abril de 2010

Biquinha necessita de reformas, apesar de água pura

Muitas pessoas não compram a água de depósitos, nem de supermercados. Preferem pegar da Biquinha Padre Anchieta, em São Vicente. Elas confiam na qualidade, como a dona-de-casa Maria da Penha. Ela conta que pega água no local porque sabe de onde vem e economiza em torno de R$ 30,00 por mês.


Mesmo confiando na água da Biquinha, poucos sabem como ela é tratada. O processo acontece dentro de uma sala, atrás do painel de azulejos. A sala tem duas caixas d’água de amianto de 2 mil litros. Um problema é que elas são cobertas por tapumes apodrecidos. Além disso, existem muitos remendos de cimento e azulejos mal colocados. O responsável pela limpeza da sala e do tratamento da água, Enéas de Araújo, afirma que a bica precisa de uma reforma “urgente”. “Mas é difícil, porque é patrimônio histórico e não pode entrar facilmente em obras”, afirma.

Ao contrário das bicas de Santos, a de São Vicente tem água potável, analisada e aprovada pelo Laboratório Adolpho Lutz, em São Paulo. A água serve para todos os usos domésticos. Diferentemente da água de torneira, que vem pelo cano, a que brota de lençóis freáticos não tem cloro, flúor, ou outros reagentes. O ENTREVISTA acompanhou o teste de pureza e constatou que a água distribuída pela Sabesp, com a adição de um reagente que indica a presença de cloro, ganha coloração. Já a água da bica permanece transparente.

“A cidade nunca teve problemas com esta fonte de água”, afirma Enéas. “O teste do cloro é feito de duas a três vezes por dia, quando eu verifico e adiciono cloro e outros produtos químicos, conforme necessário”, afirma. Só quando o teste dá negativo, por causa de falta ou excesso de adição de químicos na água, Enéas fecha a bica e espero a Sabesp dizer o que fazer. A adição de cloro na água é bem baixa. Somente uma vez por dia é misturada uma solução, de 100 litros de água com 5 litros de cloro, com a água da nascente.

Algumas pessoas usam a água de formas pitorescas, como para curar doenças. Se funcionar, elas voltam para lá sempre para pegar água, mesmo que morem em Itanhaém ou Peruíbe. “Há gente que vem aqui e usa a água para colocar no carro. E pessoas que põem a água no aquário”, conta Enéas.

O lençol de onde a água para a bica é bombeada fica abaixo do Centro de São Vicente e é cercado por rochas a 300 metros da água salgada. A bica foi a fonte de água para o primeiro povoado português da América do Sul.

Barracas de praia – Antônio Alves da Cruz tinha um carrinho na praia do Itararé, em São Vicente. Ele disse que se utiliza água dos prédios que ficam na orla. “Para fazer água potável pegamos dos prédios que a água é filtrada”, disse. Ele acha que é errado pegar água da rua, porque se passar a fiscalização da prefeitura, o carrinho pode ser apreendido. De acordo com a Prefeitura da cidade, para ter carrinho para vender na praia, a vigilância sanitária faz uma inspeção e libera um documento.

Bruno Walter

Postado por Felipe Mendonça

0 comentários:

Postar um comentário