sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Imagens também podem ser lidas


Por Cidinha Santos

De 26 a 30 de maio de 2008 aconteceu a Jornada de Comunicação e Artes, ainda no antigo campus da Pompéia. Os alunos e alunas do jornal Agência Facos fizeram a cobertura das palestras e oficinas.

Uma delas, "Leitura de Imagens", resultou na matéria publicada na edição especial do jornal laboratório.

Quem pensava ser possível apenas ler textos escritos se surpreendeu com a oficina Leitura de Imagens, idealizada pela professora e mestre em Letras Edna Aléssio e apresentada durante a Jornada de Comunicação e Artes 2008. Ela iniciou a atividade afirmando que a comunicação pela imagem já acontecia em tempos remotos e ressaltou a importância de transformar informação visual em algo que produza sentido.
Aristóteles, segundo Edna, já sugeria que todo processo de pensamento requeria imagem, porque pensamos por meio delas. Alguns teóricos pensam diferente e ponderam que as palavras podem se tornar desnecessárias. É o caso de Giovanni Sartori, que no livro Homo Videns afirma que “o vídeo está transformando o homo sapiens produzido pela cultura escrita em um homo videns, no qual a palavra vem sendo destronada pela imagem”.
Edna Aléssio não acredita que a imagem possa substituir o texto escrito. Ela argumenta que é preciso das palavras para descrever as imagens, porque dificilmente se distingue o que não se sabe nomear.
A evolução da imagem na comunicação, principalmente no meio impresso, aconteceu com a fotografia e suas diferentes técnicas, bem como com o aperfeiçoamento da própria tecnologia. Discutindo a questão ideológica manifesta na escolha da imagem, a professora afirmou que “nenhum olhar é inocente, há escolhas”. Isso acontece com a opção por determinada ilustração para matérias jornalísticas, pois com ela é possível representar, resumir, ilustrar, ampliar o sentido, contestar ou ironizar o texto.
Quando um jornalista ou um editor opta por uma ou outra foto, explicou Edna, tem como objetivo convencer o leitor a compartilhar da sua opinião, muitas vezes utilizando as imagens para chocar. Para a professora, é indispensável compreender a imagem no momento de sua produção, no seu contexto histórico.
Ela alertou, ainda, para a construção correta dos textos, que também levam o leitor a visualizar o cenário descrito.
O modo como a publicidade trabalha a imagem também foi tema de discussão, uma vez que é uma das atividades que mais se utilizam desse recurso. Edna Aléssio comparou e associou os produtos à perfeição, à sofisticação e ao valor agregado das obras de arte. Ela citou como exemplo a obra do artista Andy Warhol, que retratou a atriz Marilyn Monroe. “O consumo e a superexposição destroem a imagem, que se dilui, perde nitidez e contorno”.

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