terça-feira, 13 de abril de 2010

Vendedores driblam proibição e lucram com vendas

Fazendo uma espécie de terceirização com as vendas, muitas pessoas encontram nos trabalhos informais uma alternativa de ganhar dinheiro. As mercadorias são as mais variadas indo de chocolates e sanduiches, até artigos eróticos. Os produtos são oferecidos em empresas e repartições públicas, e mesmo sabendo da proibição com relação às vendas nesses locais, esses ‘comerciantes’ sempre encontram uma maneira de oferecer seus produtos.


Marlene Carmelita Souza trabalhou durante um ano no Fórum da cidade de Cubatão. Desempregada há cerca de dois anos e com um filho pequeno, resolveu fazer sanduiches naturais e vender para seus ex-colegas de serviço. Mesmo sendo a venda proibida no local, ela não encontrou dificuldades para oferecer o produto e a única reclamação é com relação a concorrência. “Conheço todas as pessoas que trabalham no Fórum e os guardas fingem não me ver entrar. Antes ganhava mais dinheiro, mas hoje está mais difícil vender os sanduiches porque tem outra pessoa vendendo também. Como não tenho um horário fixo, muitas vezes passo depois do outro vendedor e não consigo vender nada”, reclama a vendedora.

Apesar de transitar com liberdade, o comércio de Marlene parece ser desconhecido. Questionada sobre as vendas dentro do Fórum, a chefe de divisão, Cléia Menezes, afirma. “Desconheço qualquer tipo de venda neste local. É terminantemente proibido o comércio dentro deste órgão”.

O auxiliar de instrumentação, Hildebrando da Costa, trabalha há seis anos em uma empreiteira na área da Petrobrás. Com um salário baixo e a mãe doente, há cerca de dois anos teve a idéia de aprender a fazer pão-de-mel recheado e oferecer para os colegas de trabalho. A venda deu certo e hoje o auxiliar aceita encomendas e já está se preparando para fazer ovos de Páscoa. “Tive que contratar uma auxiliar para atender a demanda”. Indagado sobre a proibição de vendas dentro da empresa, Hildebrando afirma: “ A gente sempre dá um jeitinho. Até o chefe compra”.

A auxiliar de enfermagem, Priscila Santos Costa, trabalha em um posto de saúde na periferia de Cubatão. Um dia conversando com as colegas de serviço, uma delas disse que gostaria de comprar fantasias eróticas, mas não tinha coragem de entrar em um sex shop. Com dificuldade para pagar o curso superior em enfermagem, Priscila teve a idéia de vender esses artigos no local de trabalho e ficou surpresa com o resultado. “Fui à São Paulo e comprei algumas fantasias e algemas, levei para o serviço e vendi quase tudo em um único dia. No Dia dos Namorados do ano passado, meu lucro com as vendas de fantasias ultrapassou meu salário”.

A enfermeira-chefe responsável pelo setor, Sandra Tarquinio, afirma que qualquer tipo de venda é proibido no local de trabalho, acarretando em demissão por justa causa, porém, finge não saber e pede discrição. “Peço que as vendas sejam feitas no horário do almoço e que tenham cuidado na hora de comprar os artigos”.

Mauricio Brandão é eletricista na empresa Enesa, uma empreiteira da Usiminas. Quando sua esposa, Valéria Maria Brandão, pediu que ele levasse os produtos da Natura para tentar vender no serviço, ele relutou. Hoje reconhece que as vendas ajudaram no orçamento doméstico. “Troquei de carro no final do ano e reformei meu banheiro com o dinheiro que juntamos com as vendas dos produtos. Só em dezembro meu lucro foi superior a R$2000,00”


Postado Christiane Castanheira

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